domingo, 29 de novembro de 2009

orelha (texto extraído do livro MAUS escritores)

Somos todos escritores maus. Assassinatos de adjetivos,perseguição implacável aos lugares comuns e sangramentos solenes aos juízos de valor,são rituais que praticamos toda semana. Aprendemos com o guia-mor que a nossa matéria-prima não permite nenhuma complacência,nenhuma arrogância. A ironia, ou desconfiar das palavras,é a condição para que a língua mãe não nos aprisione em sua retórica de dicionário. Não se pode acreditar nas palavras,nem nas metáforas médicas e esportivas que fazem sucesso na modernidade.
Não queremos ensinar nada.
Só queremos nos hospedar no Hotel Trombose, comer o bife do nosso chapeiro,usar o filtro solar da mãe e aproveitar as entradas do silvia-ballet para assistir o quebra-cocos, porque ninguém é de ferro. Puxar as orelhas da Patética da Silva que insiste em dizer que foi amante do bispo do Rosário e aconselhar a todos o manual de sobrevivência para peruas pobres e ricas.
Sem mais, estou indo embora e vou logo avisando,entre duas orelhas, existem várias cabeças,muitas maldades e muitas delicadezas. Tem coisas que não se diz com palavras, mas é preciso agradecer e reverenciar aquele que, puta que pariu, é o responsável por estas mal traçadas linhas. Eita....Marcelino Freire. Perplexa Serena

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

livro

Este texto,retirei da antologia Maus escritores e é a biografia de PS. Reproduzo para vocês,porque,ele poderia ser meu. Perpétua Serteza


Meu nome é Perplexa Serena,nascida carioca e perdida em São Paulo. Meu cardápio de maldades,embora seja uma escritora maldita,mal lida e praticamente desconhecida, é muito frugal. Meu grande prazer é fingir que sou surda, às vezes muda e completamente apática. Não tenho opinião formada, não acredito em opinião pública, não publico e me divirto em bancar a tonta. Tenho grande esperança que as tolices, os lugares-comuns e as tragicomédias que escrevo, se transformem, pelas mãos invisíveis do mercado, em arte. Tudo é possível, penso muito sobre isso, uma brecha no significante, uma ideologia, uma moda. Quem sabe?