domingo, 29 de novembro de 2009

orelha (texto extraído do livro MAUS escritores)

Somos todos escritores maus. Assassinatos de adjetivos,perseguição implacável aos lugares comuns e sangramentos solenes aos juízos de valor,são rituais que praticamos toda semana. Aprendemos com o guia-mor que a nossa matéria-prima não permite nenhuma complacência,nenhuma arrogância. A ironia, ou desconfiar das palavras,é a condição para que a língua mãe não nos aprisione em sua retórica de dicionário. Não se pode acreditar nas palavras,nem nas metáforas médicas e esportivas que fazem sucesso na modernidade.
Não queremos ensinar nada.
Só queremos nos hospedar no Hotel Trombose, comer o bife do nosso chapeiro,usar o filtro solar da mãe e aproveitar as entradas do silvia-ballet para assistir o quebra-cocos, porque ninguém é de ferro. Puxar as orelhas da Patética da Silva que insiste em dizer que foi amante do bispo do Rosário e aconselhar a todos o manual de sobrevivência para peruas pobres e ricas.
Sem mais, estou indo embora e vou logo avisando,entre duas orelhas, existem várias cabeças,muitas maldades e muitas delicadezas. Tem coisas que não se diz com palavras, mas é preciso agradecer e reverenciar aquele que, puta que pariu, é o responsável por estas mal traçadas linhas. Eita....Marcelino Freire. Perplexa Serena

2 comentários:

  1. PQP, Vera, arrasou !
    Andréa

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  2. Quero dizer que gostei muito do texto da orelha do livro - para falar a verdade, do livro inteiro!

    As histórias são cheias de um realismo, por vezes fantástico, que prende o leitor de uma forma prazerosa... mas, o melhor, é a irônia presente em todos os contos! Como diria uma amiga minha: "Adoro!"

    Espero rever mais trabalhos de todos escritores!

    Um abraço,

    Amanda.

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