segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

sabonete

Convívio.Quando lhes mostro os aleijões mentais,as deformidades antropológicas, a dor das vísceras inconformadas,resmungam slogans.

Existe a roupa apropriada, a frase de efeito,a piada pronta,o comentário erudito televisivo,a citação da moda,a receita da vez,o vinho que se harmoniza,o café cultivado a 1268 metros de altura,o chocolate 93% cacau,o chá de erva doce, o doce sem doce,o pó malhado,o crack na bolsa.

A indignação política, as conseqüências históricas,a filosofia de botequim,a sociologia da classe c,a psicanálise de novela e a mídia que tudo revela.

A desgraça da chuva,a palavra dos desabrigados,a insistência dos repórteres, a urgência da notícia,a negação da informação, a limpeza da propaganda.


Anúncio de sabonete,ao fundo Vivaldi,à frente deusa grega,vestindo C&A,calçando azálea,cabelos ao vento,escalando montanhas de neve,riachos transparentes,véus translúcidos,suaves como a brisa que beija e balança.

Balanço na rede meu corpo idealizado,livre da celulite,artrite,conjuntivite,alopecia, furunculose,dermatite seborréia,diarréia e síndrome de pânico.

Sou um catálogo,um glossário,uma bula, um folder dobrado centenas de vezes,um almanaque pré-moderno,um discurso cheio de gerúndios e pretéritos reincidentes,coincidentes, implícitos,ilícitos,intrépidos e serenos.

Aperto meu pulso,procuro as batidas, a pressão diastólica,distante,imperceptível..........já estou morta?Passei do ponto e ninguém me avisou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário