1. autorização: aqui começo a publicar os textos de Perpétua Serteza

Perplexa Serena, desculpe a invasão de privacidade. Você não me conhece, embora a gente já tenha se encontrado. Achei seu nome no Google e andei bisbilhotando (ou pesquisando) a sua vida na internet. Descobri que você tem um livro publicado (que já li e gostei muito) onde faz uma leitura apócrifa do Foucault (As Palavras e as Coisas) e leva Jorge Luis Borges ao pé da letra. Mas isso fica entre nós,estou citando apenas para motivá-la a ler o meu recado. Seguramente vai estranhar o pedido que lhe farei.Não domino as regras e a etiqueta do mundo virtual,muito menos do mundo acadêmico.Aliás, vejo agora, que o grande erro da minha vida foi ignorar os códigos, no exato momento em que eles estavam prestes a naturalizar-se. Sem dúvida uma doença epistemológica.
Asseguro-lhe que isto não é nenhuma ridícula corrente e que,nesta mensagem, não existem vírus virtuais. O arquivo em PDF, que acompanha este e-mail, embora desordenado e de aparência caótica,contém as anotações desta octogenária senhora que conseguiu, com a descoberta tardia do ciberespaço, vencer a incomunicabilidade e dar sentido aos seus últimos dias de vida.
Por favor, abra o arquivo sem medo.Nada de mal acontecerá com seu PC. A única coisa que posso dizer para encorajá-la a apertar o mouse é o seguinte: Possuo um pé de sapato vermelho que salvei do oceano Atlântico. Não sei se esta referência faz você lembrar de alguma coisa.Estou apenas, chutando, e indo atrás daquilo que a leitura do seu livro despertou em mim. Sem mais delongas, já que meu tempo de validade está se esgotando, suplico que leia os textos e autorizo que publique e faça deles o uso que quiser.Meu nome é Perpétua Serteza mais conhecida como PS.Leia meu perfil e as primeiras páginas do meu blog. Agradecida.