quinta-feira, 1 de outubro de 2009

13 concha


Do mar trouxe uma concha imensa.Era só colocar no ouvido e escutar o rumor das ondas. Depois de algum tempo se começa a sentir o cheiro da maresia. Com um pouco de esforço, pode-se até ,se afogar no mar de memórias, que pelos tímpanos, invade o corpo seco e infla a pele,exatamente ,como o náufrago de camiseta listrada. Azul e branco.
A concha jaz incólume no centro da mesa. Alguns a olham estarrecidos ou fingem não enxergá-la. Objeto de mau gosto,obsceno e totalmente deslocado.A muito aprendi que a forma não segue a função,mergulhei no universo kitsch e catei o lixo ocidental feito na China. É essa a minha arte,efêmera e metafísica. Meu bestiário é movido pela contradição. Sem ambigüidade não há arte nem beleza. É preciso ser muito macho para expor objetos tão naifs e pretender a transcendência. Eu sou.

2 comentários:

  1. Como é bom ver o mundo pelos olhos teus...

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  2. Maria,bom é receber você aqui no Bestiário.Só posso dizer que sinto sua falta e que seu e-mail não responde (não deve ser o mesmo)Vamos tentar restabelecer um diálogo(estou cansada de falar sozinha). Imagino o quanto deve estar sendo dura a sua nova empreitada. Um beijo vera

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