sexta-feira, 16 de outubro de 2009

17.buda


De nada adianta o baixo calão.Minha vida intestina não está comprometida com orifícios e ligações diretas com a natureza.Sou um ser artificial, embalsamado. A alienação faz parte da fauna.. Os monstros ctonicos reservam para si o melhor dos banquetes. No mundo das imagens, se vê tudo a olho nu, menos os vírus. Bactérias somos nós, imunes às penicilinas, espalhando moléstias pelos aeroportos. Privadas inteligentes e aquecidas nos livram de todo mal, amém.

Posso, muito bem, dar descarga e empurrar você esgoto abaixo.Pensa que o silêncio que envolveu o planeta é suficiente para abafar minha voz? Privados de música, sem poesia, ainda assim estarei lá.Espreitando a promiscuidade, o absurdo, o deserto. Minhas mãos já não suportam tanto sabão.Acho que vou cortá-las.Todas as maçanetas,botões e comandos estão infectados. Antes de ligar a TV,me visto completamente. Neste mundo sem palavras, as imagens vêem tudo.Ah.....coloquei um Buda sobre a televisão. Fico assustada,você saiu do seu canto, só para me perturbar. Volte para sua toca e não me amole. Merda, dá um tempo,não quero mais ouvir sua voz.

Idiota, sabes muito bem que não tenho nem boca,nem olhos,coração e cu. Uso os teus. Não adianta ficar se escondendo atrás dos pronomes.Não tenho nome, já fui Patética, Perpétua, Penélope. Agora pode me chamar de Alice.


v

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